Crise de Confiança Abala Setor Financeiro e Causa Atraso na Regulamentação do Pix Parcelado no Brasil .
O adiamento da regulamentação do aguardado Pix Parcelado surge em um momento de grande instabilidade para o setor financeiro brasileiro.
Uma sequência de eventos, incluindo ataques cibernéticos e investigações policiais sobre o uso de fintechs por organizações criminosas, gerou uma forte desconfiança no mercado, forçando o Banco Central (BC) a priorizar a segurança do sistema.
Segurança Acima da Inovação
Especialistas do setor concordam que o Banco Central precisou urgentemente repensar sua estratégia, redirecionando o foco para a reconstrução da confiança. A líder de compliance do Stark Bank, Auziane Morais, destacou que “não dá para continuar inovando se a base de confiança foi abalada”, indicando que o momento exige uma mudança de postura de todo o ecossistema financeiro.
Este redirecionamento de esforços para conter riscos inevitavelmente impacta o cronograma de outros projetos, como o Pix Parcelado. Pedro Carvalho, diretor sênior da Fitch Ratings, aponta que o adiamento deixa investimentos represados e gera incerteza para fintechs e fornecedores de infraestrutura, que dependem de previsibilidade para o crescimento.
Medidas de Segurança e Novo Foco para Fintechs
Em resposta à crise, o Banco Central anunciou medidas rigorosas de segurança. Entre elas, estão a exigência de um capital mínimo de R$ 15 milhões para Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI) e a obrigatoriedade de certificação de segurança para empresas responsáveis por instituições de pagamento que atuam no Pix.
No âmbito das fintechs, a cooperação e a governança se tornaram palavras-chave. O setor demonstra maior abertura para compartilhar informações e criar mecanismos de autorregulação.
É fundamental que as empresas realizem a devida diligência ao selecionar seus PSTIs, avaliando suas políticas e infraestrutura de cibersegurança para mitigar riscos.
Eventos que Contribuíram para a Crise
A crise foi alimentada por eventos de grande repercussão, como:
- Operações da Polícia Federal que desmantelaram um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, liderado por membros do PCC.
- Ataques cibernéticos de grande escala a instituições financeiras e prestadores de serviço como C&M Software, Monbank e Sinqia, que resultaram em desvios de valores significativos.
A crise também reacendeu o debate sobre a sobreposição entre reguladores, como o BC e a CVM, cuja falta de coordenação pode criar brechas que são exploradas por criminosos.
Fonte: InfoMoney