A União Europeia iniciou a implementação do Entry/Exit System (EES) no dia 12, marcando uma transformação significativa no controle de fronteiras. Este sistema eletrônico substitui o carimbo tradicional no passaporte por um registro digital, impactando diretamente turistas e imigrantes brasileiros que viajam para os 29 países do Espaço Schengen.
O advogado Wilson Bicalho, especialista em direito migratório, alerta que os primeiros meses de operação do EES exigirão adaptação e paciência. O sistema coleta dados biométricos, como impressões digitais e fotografia facial, além de informações detalhadas sobre as entradas e saídas de viajantes não europeus. O objetivo é reforçar a segurança, monitorar a permanência, prevenir fraudes e a imigração irregular.
No entanto, essa digitalização pode gerar longas filas e atrasos em aeroportos e postos de fronteira. A coleta de dados adicionais torna o processo de entrada mais demorado.
A União Europeia reconhece que a implementação será gradual, com uma fase de transição estimada até abril de 2026, quando o sistema deverá estar totalmente funcional. Durante esse período, o uso será misto, com registros digitais e carimbos no passaporte.
Estimativas do setor aéreo indicam que os novos procedimentos podem aumentar em até seis horas o tempo total de chegada em alguns aeroportos, principalmente em países como Portugal, Espanha e França, que recebem um grande número de brasileiros.
O Brasil está entre os países mais afetados, sendo um dos principais emissores de turistas para a Europa, com cerca de 30 mil viajantes por mês. Brasileiros acostumados a viajar para Portugal sem visto para estadias curtas agora terão que passar pela coleta de dados biométricos.
O impacto também será sentido por moradores que circulam com frequência entre países europeus. Mesmo quem vive legalmente no continente precisará se submeter à nova verificação ao cruzar as fronteiras externas do Espaço Schengen, como entre o Reino Unido e Portugal.
Além do desconforto para os viajantes, existe a preocupação com o impacto econômico. A demora excessiva nas fronteiras pode afetar o fluxo turístico, principalmente nos meses de alta temporada. A União Europeia precisará agir para evitar a perda de turistas e o desgaste na experiência de viagem.
Autoridades europeias reconhecem que haverá instabilidades no sistema no início e que ajustes serão feitos à medida que a plataforma se estabilizar. Países como Portugal e França já reforçaram equipes nos principais aeroportos para tentar reduzir os congestionamentos.
Apesar dos desafios, o EES é visto como um avanço estrutural, proporcionando maior segurança nas fronteiras externas, controle rigoroso da regra dos 90 dias em 180, redução de fraudes e entradas irregulares, e uniformização de procedimentos entre os países do bloco. A médio e longo prazo, espera-se um sistema mais ágil e transparente, beneficiando tanto os viajantes quanto as autoridades.
O EES é apenas o primeiro passo de uma reforma digital das fronteiras europeias. Nos próximos anos, o Etias (Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem) exigirá autorização prévia online para visitantes de países que hoje não necessitam de visto, como o Brasil.
Fonte: www.infomoney.com.br