O Grupo Potencial, tradicional no setor de combustíveis, prepara um aporte de R$ 700 milhões para a compra antecipada de 300 mil toneladas de soja, referente à safra 2025/26. A iniciativa visa garantir o abastecimento da nova esmagadora da empresa, atualmente em construção na cidade de Lapa, região metropolitana de Curitiba, no Paraná. Essa será a primeira vez que o grupo investe na aquisição direta de soja em grão, diversificando suas fontes de matéria-prima, que até então se concentravam na compra de óleo de cooperativas e tradings.
O volume de soja almejado pelo Grupo Potencial corresponde a uma área de plantio de aproximadamente 84 mil hectares. A expectativa é que essa quantidade assegure o funcionamento da unidade de esmagamento nos três meses iniciais de operação, com previsão de início para maio de 2026.
Segundo o diretor comercial do grupo, Fernando Domingues Bosqueiro, a empresa já iniciou as negociações para a compra antecipada da soja, oferecendo o valor de R$ 140 por saca. “É uma opção para o produtor travar custos e mitigar riscos”, afirma Bosqueiro, destacando que o preço ofertado é competitivo em relação ao valor de mercado do grão no Porto de Paranaguá.
Para gerenciar essa nova frente de negócios, o Grupo Potencial estruturou uma diretoria específica, com equipe dedicada à compra de grãos e à logística de transporte até a fábrica. Bosqueiro ressalta que a demanda da unidade de esmagamento supera a produção local de soja. A planta terá capacidade para processar 1,1 milhão de toneladas de soja por ano, o equivalente a 3,5 mil toneladas diárias. A produção de soja na região metropolitana de Curitiba, por sua vez, gira em torno de 450 mil toneladas. “Além da região metropolitana, vamos expandir as compras para outras áreas do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul”, completa o diretor.
O investimento na compra antecipada de soja se soma aos R$ 1 bilhão já destinados à construção do complexo de esmagamento em Lapa. O projeto conta com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que pode chegar a R$ 700 milhões. De acordo com Bosqueiro, a construção está 50% concluída e inclui uma estrutura de armazenagem com capacidade para 300 mil toneladas, com entrega prevista para janeiro de 2026.
A expectativa é que a unidade comece a receber a soja a partir de fevereiro, garantindo matéria-prima para o início do esmagamento em maio. O óleo de soja produzido será integralmente direcionado à produção de biodiesel.
O Grupo Potencial projeta um aumento de R$ 1,9 bilhão em seu faturamento anual com a operação da planta de esmagamento de soja. Em 2024, a empresa registrou receita de R$ 12 bilhões e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 848 milhões. A meta do grupo é atingir uma receita de R$ 20 bilhões até 2030.
Em uma fase posterior, a capacidade da unidade será ampliada para 7 mil toneladas de soja por dia, com investimento total estimado em R$ 2,5 bilhões. Paralelamente, o grupo planeja expandir a produção de biodiesel, visando suprir 30% da sua demanda de óleo com a esmagadora, e dobrar a produção de biodiesel quando a capacidade da unidade for duplicada.
O farelo de soja resultante do processo de esmagamento será destinado à exportação e a produtores de frangos e suínos de Santa Catarina.
Adicionalmente, o grupo anunciou um investimento de R$ 2 bilhões na construção de uma usina de etanol de milho no mesmo município, com capacidade para processar 3 mil toneladas de milho por dia e início das operações previsto para 2028.
Fonte: globorural.globo.com
