Um novo impasse surgiu entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping, intensificando as tensões comerciais e gerando preocupações sobre a estabilidade da economia global. O mais recente confronto, ocorrido nesta segunda-feira (13), culminou em uma situação onde ambos os países insistem que o outro deve tomar a iniciativa para resolver o impasse.
Após declarações de Trump sinalizando uma possível abertura para um acordo com Pequim, o vice-presidente americano JD Vance afirmou que o resultado “dependerá de como os chineses responderem”. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China deixou claro que aguarda indicações de Washington, após o que consideram ações retaliatórias já implementadas.
“Se os EUA continuarem no caminho errado, a China tomará firmemente as medidas necessárias para salvaguardar os seus direitos e interesses legítimos”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, em uma coletiva de imprensa em Pequim. As autoridades chinesas ainda não reagiram formalmente à ameaça de Trump de impor tarifas de 100% sobre as recentes restrições às terras raras, pois essas taxas ainda não foram oficialmente implementadas.
Apesar da turbulência, os mercados da China demonstraram resiliência. O índice de referência CSI 300, que acompanha as ações negociadas em território chinês, fechou a segunda-feira com uma queda de apenas 0,5%, sugerindo que os investidores interpretam as tensões como uma manobra estratégica. Nos Estados Unidos, os futuros indicam uma possível recuperação das perdas sofridas na sexta-feira, após um tom mais conciliador adotado por Trump.
Analistas da Nomura Holdings sugerem a possibilidade de cancelamento da reunião de líderes prevista para este mês na Coreia do Sul. No entanto, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, acredita que o encontro entre Trump e Xi ainda deve ocorrer. Enquanto isso, ele espera reuniões entre as equipes americanas e chinesas nesta semana, além de esforços do governo Trump para mobilizar aliados dos EUA a fim de pressionar Pequim.
Autoridades chinesas indicaram que poderiam haver “isenções” em relação às restrições radicais às terras raras, visando facilitar o comércio. A questão central permanece: qual lado cederá primeiro?
Christopher Beddor, vice-diretor de pesquisa para a China da Gavekal Dragonomics, observa que o setor de exportação chinês pode suportar tarifas dos EUA de até 50%. Tarifas superiores a 100% seriam uma preocupação maior para Pequim, mas enquanto esse cenário não se concretizar, as tarifas terão uma prioridade menor. As medidas sobre terras raras visam obter concessões dos EUA nos controles de exportação de tecnologia, mas nenhuma das partes tem interesse em inviabilizar as negociações por completo.
Dados comerciais divulgados nesta segunda-feira revelaram que as exportações da China cresceram no ritmo mais rápido em seis meses, atenuando o impacto de um possível aumento das tarifas dos EUA. Trump possui outras ferramentas para exercer pressão, incluindo a ameaça de impedir o acesso de Pequim a peças de aeronaves e interromper a venda de software essencial.
Bessent mencionou, em entrevista, que espera se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng “na Ásia” antes do encontro entre Trump e Xi. Anteriormente, ele havia indicado Frankfurt como o local para a próxima rodada de negociações, visando estender a trégua de 90 dias com prazo para expirar em novembro. As conversas devem estabelecer as bases para concessões que possam resolver o conflito recente.
Fonte: investnews.com.br